Crónica: CAMPO PEQUENO, 7 de Julho de 2011


                                                              
  Por: ANTÓNIO MANUEL DE MORAES
A Praça de Toiros do Campo Pequeno tem uma história com 119 anos, sendo Praça de Primeira e a Primeira Praça de Portugal. São razões mais do que suficientes para dever ser considerada o espelho da Festa Brava portuguesa. Mas para que tal suceda, tem de demonstrar que a sua arena é pisada também pelos primeiros, cavaleiros ou matadores, novilheiros ou moços de forcado. E quando as corridas são transmitidas em directo, existe ainda mais a obrigação de se cuidar dos pormenores e das figuras que nela actuam, porque a boa propaganda e o êxito constituem a melhor forma de publicidade para esta Arte que tanto prezamos. E quando tal não sucede, além dos tradicionais inimigos da Festa aproveitarem a ocasião para gozar, o que chega ao público é uma imagem distorcida do espectáculo, que não abona a favor de quem o organizou, vindo daí consequentes prejuízos morais e materiais. Há um Regulamento Taurino que se encontra quase prestes a ser entregue ao Governo, no qual participámos. É fundamental que no mesmo conste que em praças de toiros de primeira categoria actuem Grupos de Forcados que correspondam a esse tipo de praça. Só assim se podem evitar barracas como a que sucedeu em 7 de Julho deste ano, Dia de S. Fermín padroeiro de Pamplona. Não se podem contratar grupos de moços vestidos com calções e jaquetas só porque puderam comprá-las, sem terem experiência, orientação e treino suficientes para poderem apresentar-se em Lisboa directamente para todo o país através de transmissão televisiva. Se isto não for evitado, mesmo que os empresários tenham de pagar um pouco mais, ou segundo dizem, nada receber, um dos maiores símbolos da Tauromaquia Nacional vai morrer aos poucos e a Festa Brava não é defendida como deve ser. Nada nos move contra a gerência do Campo Pequeno, muito pelo contrário, porque a amizade e a admiração são constantes, mas a verdade tem de ser dita, a alteração de critérios nas selecções tem de ser reposta. Foi triste, muito triste o que os portugueses viram em directo, moços a levar porrada, falta de técnica nas pegas, falta de cernilheiros nestes grupos e por isso "agarres" carregadíssimos, tudo em cima dos toiros ao mesmo tempo, sem classe, raiando a falta de respeito que aqueles merecem. Uma volta do ganadero que também não se justificou, só porque um toiro saíu bem. Um dirigente a barafustar bem alto contra o Veterinário de Serviço, Dr. José Manuel Ferrão, que merece mais respeito, frente ao Inteligente e à autoridade pública, e toda a gente a ouvir! Há que arrepiar caminho enquanto é tempo! Há que ter mais dignidade!
Luís Rouxinol demonstrou que continua numa forma extraordinária, obtendo grande êxito nas duas lides. João Salgueiro não teve o primeiro toiro à sua altura, por isso recusou dar volta, dando grande exemplo de ética. Mereceu a volta no segundo toiro, demonstrando que está aí para brilhar. Ana Batista não foi feliz no lote que lhe coube e por isso teve trabalho redobrado para poder cravar a ferragem cor de rosa da ordem, mostrando ainda assim toda a elegância que lhe é peculiar.
Joaquim Branco, do Grupo de Forcados Amadores de S. Manços, foi a excepção, bem positiva a tudo o que escrevemos na primeira parte desta crónica. Praticamente pegou o toiro a solo, aguentando fortes derrotes e demonstrando que tem braços à altura dos melhores forcados deste país, porque as ajudas entraram fora de tempo ou não entraram a não ser nas tábuas quando o toiro já não aguentava o forcado, Devia ter dado duas volta à arena e só deu uma, foi pena, porque, muito sinceramente, foi uma grande figura no Campo Pequeno. O mesmo se pode dizer do forcado Nuno Oliveira do Grupo de Redondo porque fez um pegão, aqui com as ajudas a actuarem muito bem. Merecia duas voltas!

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